“Por Trás da Farda” articula conexões humanas entre dez militares e um mesmo narrador, praticamente observador. Com um olhar atiçado pela alteridade e pela humildade, um servidor civil aproveita-se da posição privilegiada de interação dentro do âmbito militar para passear pelas vivências, debruçar-se nas revelações e compreender os sentimentos de um grupo de praças da Polícia Militar. Diante de cada situação, ele capta e expõe detalhes, características, singularidades e sensações que culminam num processo de individuação, pois os militares, em diversos momentos cotidianos, se tornam esquecidos ou invisíveis ao cidadão. As narrativas revelam essências e marcas que moldam cada policial, apesar de sobrepostas pelo pesado fardamento. Passado o distanciamento inicial, os personagens e o leitor se afluem num descobrimento e, por conseguinte, numa junção, porque os laços humanos, sociais e íntimos abordados nas tramas descortinam mais que as configurações sobre a vivência policial. Nessa atmosfera de cumplicidade, irrompem-se descobertas sobre a humanidade interna que, no caso, correlaciona-se com a vasta atividade inerente à Polícia Militar. “Por Trás da Farda”, vive um indivíduo como qualquer outro que sofre, sente, se importa e batalha, com opiniões e sentimentos, muitos deles velados e desconhecidos, mas sempre pulsantes.