Florbela Espanca é mais conhecida pela sua produção poética: dois livros publicados em vida, Livro de Mágoas (1919) e Livro de “Sóror Saudade (1923), e um deixado no prelo, Charneca em Flor (1931, póstuma). Além desses três, há o manuscrito TrocandoO lhares e várias outras poesias que foram compiladas e publicadas após a sua morte. Entretanto, a sua produção se estende também a contos, diário e cartas, peças menos conhecidas pelo público, mas não menos significativas para desvendar a sua obra e o sujeito Florbela. Dentre os gêneros produzidos, são vários os temas que os perpassam, mas o amor, a dor e a solidão, são, indubitavelmente, os mais familiares ao público leitor que os associam, na maior parte das vezes, a uma escrita de si, autobi og ráfica, como se a pena esboçasse as letras da vida de Florbela, amalgamando a literatura e a vida. Sua obra é lida a partir de um viés biografista por um leitor desavisado ou impulsionado pela intensa vida da escritora: por muitas vezes, é o con tat o com informações sobre a vida de Florbela que suscita o interesse pela obra, pois a sua vida parece, para muitos, como ponto de partida para compreender toda a produção dessa escritora singular. Florbela não só canta amor e dor, mas cria um suje ito feminino, um eu-lírico, que irrompe de seus versos, infringe as normas sociais de sua época como anti-modelo feminino salazarista - como já bem colocou a estudiosa Maria Lúcia Dal Farra -, a poetisa delineia outras mulheres e apresenta ao leitor uma que parece falar de si e/ou de todas as outras: são vozes que se fundem e se con-fundem com a própria Florbela, são vozes de queixas e anseios, vozes de desejos, vozes femininas.
ISBN-10: 9788594590039ISBN-13: 9788594590039Páginas: 320idioma: PortuguêsEdição: 1Encadernação: BROCHURAAutor: Michelle Vasconcelos Oliveira do Nascimento