SINOPSEDesde que me apaixonei pela Periodontia, durante a minha graduação, muitos questionamentos se faziam presentes e me inquietavam, como: “Por que pacientes com semelhantes graus de higiene bucal apresentam padrões diferentes de doença periodontal? Por que a doença evolui de modo diferente em pacientes com perfis semelhantes? Por que o desfecho do tratamento periodontal não alcança o sucesso esperado em todos os pacientes?...” Tais perguntas foram essenciais na minha vida profissional para me impulsionar a trilhar os caminhos da Periodontia e buscar essas respostas!Há quase duas décadas como periodontista e uma como professora, observei a especialidade passar por algumas transformações... Em alguns momentos, tinha a sensação de que a Periodontia havia sido colocada em segundo plano por outras especialidades odontológicas. Porém, nos últimos anos, tenho observado que a especialidade está ganhando cada vez mais destaque, especialmente devido à rápida e gigantesca revolução que a Implantodontia promoveu à Odontologia.Hoje posso afirmar que a Periodontia tem, por grande parte dos profissionais, o reconhecimento de ser fundamental para o sucesso do tratamento odontológico. Novas abordagens nas áreas de prevenção, tratamento e reabilitação estão sendo desenvolvidas e aplicadas aos pacientes. Contudo, apesar da inovação, do aumento das possibilidades terapêuticas e das melhorias estéticas proporcionadas, muitas vezes o paciente é visto, ainda, somente como “uma boca a ser tratada”. Entretanto, esse tipo de abordagem, centrada apenas na cavidade bucal, já não tem mais espaço na Odontologia contemporânea, que está em convergência com os conceitos de Medicina Integrativa ao redor do mundo.Em especial na Periodontia, tem sido investigada a relação entre problemas bucais/periodontais e saúde/doenças sistêmicas em uma “subdivisão” da especialidade, chamada “Medicina Periodontal”. A partir de estudos epidemiológicos, foi observado que os indivíduos apresentam diferentes riscos de desenvolver doença periodontal destrutiva e que existem fatores que podem modular a suscetibilidade para a periodontite. Assim, diversas condições, sejam elas comportamentais, ambientais ou sistêmicas, passaram a ser pesquisadas como fatores de risco para as doenças periodontais, bem como a periodontite sendo um fator de risco para o desenvolvimento de algumas doenças sistêmicas. Brevemente, cito como exemplos algumas das condições referenciadas: tabagismo, diabetes, estresse psicológico, osteoporose, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares... Para algumas dessas condições já se tem forte embasamento de associação! Para outras, ainda não há uma clara distinção entre relação causal ou casual, ou seja, se realmente há uma relação de causa e consequência, aumentando o risco, ou se simplesmente são diferentes problemas que, coincidentemente, acometem o mesmo paciente.A literatura apresenta diferentes níveis de evidências para responder a esses questionamentos; assim, algumas das dúvidas que me inquietavam na graduação ainda se fazem presentes... Desse modo, diante de tantas incertezas e indagações, procurei reunir autores que são profundos conhecedores do assunto a fim de explorar o estágio atual da evidência científica dentro de cada tema proposto. O intuito maior deste livro, Medicina Periodontal: O que Há de Evidências?, foi buscar respostas, fundamentadas em literatura relevante e extremamente focadas na melhoria da prática clínica a fim de auxiliar na execução de uma Periodontia personalizada e centrada no paciente.Espero que este livro possa ajudar você, aluno, clínico e/ou pesquisador da área da saúde, a encontrar respostas e melhorar suas abordagens perante os pacientes, elevando os índices de resultados positivos na prevenção e no tratamento das doenças periodontais e, por que não, peri-implantares.