Este livro se chama Madrugada por dois motivos. O primeiro é que contém os elementos presentes no imaginário popular, em relação a essa parte do dia: os amores, a boemia, a ironia e uma certa audácia. Os poemas aqui presentes, só para dar um exemplo, elevam livreiros e garçons de botecos à categoria de deuses.
O segundo motivo pela escolha do título é que se trata de uma estreia. A madrugada pode ser entendida como o princípio do dia, uma "pré-aurora". Metaforicamente, portanto, representa a estreia literária do autor.
Além dos temas já citados, como o amor e a boemia, outra característica presente no livro é a metalinguagem. É como um tributo que o autor paga à tradição literária, que vai da Grécia Antiga à Clarice Lispector, do Brasil de Drummond à França de Baudelaire e Rimbaud.
Uma interessante sacada do autor foi a combinação de formas fixas, como o soneto e as redondilhas — embora com temáticas absolutamente contemporâneas —, com o verso livre de alguns poemas.
O resultado disso são poemas, por vezes, engraçados, emocionantes e que apresentam sempre um profundo respeito pelas musas, que, desde Homero, inspiram os poetas.