Escrito com maestria por Ivan Angelo, Vida ao Vivo é a mistura perfeita de humor e suspense, um romance repleto de alusões a personagens e eventos verdadeiros, por mais absurdos que sejam — cada uma de suas reviravoltas guarda questões mal resolvidas da história do Brasil. Como sabemos, cedo ou tarde elas cobram seu preço.
Numa noite de novembro, os espectadores do maior canal de televisão do país esperam o primeiro capítulo da novela das nove. Mas no lugar da estreia de Frutos Proibidos surge apenas a imagem de um homem mais velho, corpulento, de roupão e camisa, sentado numa poltrona: Fernando Bandeira de Mello Aranha, o dono da emissora.
Visivelmente debilitado, o empresário usa seu poder midiático para fazer uma denúncia e um apelo em rede nacional. Pouco tempo antes, passou muito perto da morte, ao ser infectado pelo vírus da covid-19. Ele acredita que a contaminação tenha sido uma tentativa deliberada de assassinato, já que há quase vinte anos reduziu seu círculo social a poucas pessoas e nunca sai de seu tríplex gigantesco no centro de São Paulo. Além da acusação, apresenta ao público uma fotografia antiga em que aparece ao lado de uma mulher desconhecida, por quem ficou obcecado — para reencontrá-la, está disposto a pagar uma enorme recompensa em dinheiro.
Assim começa a trama rocambolesca de Vida ao Vivo. Enquanto mobiliza a discussão pública em torno da misteriosa personagem da foto e de tudo o que há de podre no reino dos Mello Aranha, o “dr. Fernando” tece comentários mordazes que abarcam desde a especulação imobiliária até os meios escusos pelos quais grandes negócios enriqueciam durante a ditadura militar.
“Romance ágil, vigoroso, desconcertante, irresistível e demolidor, Vida ao Vivo é também uma invenção formal inigualável. É arte. É ficção. É verdade. Tudo a ler.” — Eugênio Bucci