Um militar condenado à reclusão após matar um oponente de duelo escreve estas memórias, que figuram entre as obras mais queridas por Machado de Assis.
Acostumado aos combates e deslocamentos, o oficial do exército Xavier de Maistre se vê confinado em seu quarto – e enxerga nessa pena uma oportunidade para mergulhar a pena da galhofa na tinta da melancolia. Mestre das linhas tortas, digressões e ziguezagues, De Maistre nos apresenta uma nova maneira de viajar: por meio de uma incursão no mundo das letras.
Para cada dia preso em seu quarto, um capítulo. Assim é construída esta obra, que transita entre a narrativa memorialista, a autobiografia e o relato de viagem. Escrita em 1793, inaugura uma febre de narrativas que percorrem mundos sem sair do lugar. Lá fora, se desenrolam guerras revolucionárias, ao mesmo tempo que as ruas se agitam em um Carnaval. Do lado de dentro, de Maistre contempla o imobilismo dos móveis, mas abre uma janela para a imensidão.
A excursão de Antofágica zarpa com ilustrações de Carla Caffé, feitas em um caderno de viagens de mais de 30 anos de idade. A tradução é de Debora Fleck, que escreve também um posfácio sobre os desafios tradutórios e a relação entre de Maistre e Machado de Assis. Verónica Galíndez, doutora em literatura francesa pela USP, nos brinda com um panorama da vida e obra do autor, e a escritora e mestre Leda Cartum nos ajuda a mergulhar na miríade de referências evocadas nesse dinâmico texto. Apresentando a edição, Camila Fremder nos orienta: nesta ode ao ócio, é melhor degustar cada paragem. Coragem, leitor, partamos!
EXTRA: Ao escanear o QR Code da cinta, o leitor tem acesso a duas videoaulas sobre o livro com Leda Cartum, mestre em Letras pela UERJ.