“Não deixe que a dor cale suas palavras”, dizia o e-mail que a escritora e tradutora Fal Azevedo recebeu dias após a morte do marido, Alexandre, em agosto de 2007. Mas como continuar depois uma perda como essa? Como acordar, escovar os dentes, trabalhar? A incredulidade, a raiva e a tristeza, e também o relato do amor de uma vida e da solidariedade e carinhos oferecidos por amigos e desconhecidos estão em Sonhei que a neve fervia, novo livro da autora de Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite.E em meio à dor, Fal (re)encontrou sua voz – culta, engraçada, ferina, auto-depreciativa, mas, ao mesmo tempo, brutalmente honesta e transparente. É pela escrita – seja por meio de textos publicados em seu blog, o popular "Drops da Fal”, reflexões, e-mails e mensagens de amigos e seguidores do site – que o leitor acompanha a jornada da autora. Às vezes, impotente diante da impossibilidade de mitigar um sofrimento tão além do que parece ser possível; outras, com um sorriso no rosto e uma gargalhada ao ler um comentário espirituoso. Entre detalhes do cotidiano, como os transtornos causados por um cano furado, e reflexões sobre o luto e a luta, Fal Azevedo deixa um testamento de sua história – a história de um grande amor. Por isso mesmo tão singular, e tão universal.