Publicado pela primeira vez em 1978, Sim é o relato exasperado e convulsivo de um cientista sem perspectivas e seu encontro com uma mulher tão sombria quanto ele.
O narrador desta novela tinha acabado de chegar à casa de seu amigo Moritz quando passos se fizeram ouvir na porta da frente. Os suíços, anunciou o velho negociador de imóveis. O plural, porém, deveria estar no singular: um suíço, sim, e sua esposa, mas ela talvez armênia, ou persa. O casal havia aparecido de surpresa para jantar e discutir novos negócios na região, sendo o suíço o responsável por conduzir a conversa, enquanto a mulher se mantinha em silêncio. Sua introspecção chama atenção do narrador, um homem também introspectivo que procurara Moritz para desabafar sobre seus pensamentos sombrios, quase suicidas, quando se deparou com alguém que poderia entendê-lo. A solidão a que se propôs quando decidiu dedicar-se a seus estudos científicos no interior, longe das distrações dos amigos, dos amores e das emoções da cidade grande, afundaram o narrador em um processo depressivo que parecia não ter volta, até o encontro com a persa. Combinados de passear numa floresta de lariços, os dois nutrem diálogos filosóficos e trocam angústias e tormentas que culminam na resposta definitiva que dá título a este livro.
O relato frustrado e frustrante de seu narrador, em um ciclo que tira o fôlego ao mesmo tempo que provoca o riso e o desespero absoluto, é o exemplo perfeito da literatura de Bernhard, hipnotizante, inquietante, única. Sim é mais uma de suas obras-primas.