Final da Copa América de 1997, Brasil contra Bolívia. É nesse dia, em São Paulo, durante a partida, que nasce Tayson Pacsi, filho de bolivianos que emigraram para a capital paulista para trabalhar em uma das tantas oficinas de costura e tentar melhorar de vida. A infância de Tayson, segundo seu primo, o afiado narrador deste romance, foi “uma batalha constante entre a língua dos seus pais e a língua do seu passaporte”. Dezessete anos mais tarde, porém, a família de Tayson volta mais rica para El Alto, na Bolívia, e os dois primos frequentam o serviço pré-militar, obrigatório para todos os adolescentes. E é entre um ônibus lotado e outro, e enquanto vendem pipoca pelas ruas da cidade, que emergem as descobertas tão típicas e absolutamente únicas para cada um de nós: o álcool, o sexo e as paixões. A imigração é uma das marcas da família Pacsi: além dos pais de Tayson, o tio Casimiro vive no Chile e ganha a vida como contrabandista. Já os pais do narrador são “covardes” e continuaram pobres porque, para ele, não tiveram a mesma coragem dos outros. E assim, perdido entre ficar na Bolívia, país cuja identidade tenta entender, e partir para um Brasil idealizado, o narrador amadurece ao tentar descobrir quem é e quais são seus desejos para o futuro. Entre El Alto, La Paz, São Paulo e uma ideia de Seul, acompanhamos o olhar juvenil — mas nunca ingênuo — para temas como imigração, racismo, pobreza, relações de trabalho e alteridade.