Obra de estreia da autora na ficção, este romance apresenta uma jovem que, numa Belo Horizonte aparentemente ainda tocada por uma sorte de plenitude limitada, com ícones, paisagens mentais e um arranjo de forças, afetos e seres autônomos, vai provar sua alma. Foi vencedor na categoria “Romance” do I Prêmio Nacional Vereda Literária, em 2002. "Ao todo, cento e vinte e três caracteres por lâmina, repetidos à exaustão dentro da caixa e multiplicados por um número não sabido de inescrutáveis caixas. Mas não serão a motivação. As caixas são um diário de cortes. Um registro de objetivo misterioso. Uma espécie de símbolo. Como matéria, constituem um arquivo temerário, uma coleção perigosa, um arsenal de armas poderosas de pequeníssimo porte. Em suma, o conjunto é um objeto-distúrbio, que associa o volumoso e o masculino, enquanto o feminino é parco, só déficit. Ela tem que lutar contra a memória alheia que a assedia, persistente, afastar a obsessão que extrapola a caixa e encarta em seu pensamento como uma lâmina renitente o assunto de barbas e cortes, o assunto do outro lado da rua, que é o da vida do homem, o assunto do outro lado da vida, que é o da vida dos homens, o assunto de um outro lado, que não consegue nem esboçar, mais desconhecido ainda, além...”