Em um futuro distópico não muito distante dos nossos tempos, Loretta Thurwar e Hamara “Furacão Staxxx” Stacker são as estrelas de Superstars da Cadeia, o pilar do Programa de Entretenimento da Justiça Criminal (PEJC), um reality show altamente popular, controverso e lucrativo da indústria prisional privada dos Estados Unidos. Na sangrenta competição, reminiscente dos coliseus romanos, os personagens são prisioneiros e, ao serem derrotados, só lhes resta a morte.
Este livro, primeiro romance do premiado multiartista norte-americano Nana Kwame Adjei-Brenyah, é o reflexo de uma sociedade voyeur e autocentrada, que não se furta a apreciar o mais alto grau de violência em busca do prazer momentâneo. Vistos como párias, os presidiários, em sua maioria absoluta negros e pobres, tornam-se meros marionetes em nome do entretenimento de quem os assiste e da ganância dos poderosos.
No PEJC, as competições mortais em arenas lotadas só têm um vencedor. Depois de três anos, quem consegue sobreviver ganha a liberdade e a extinção completa da pena. Thurwar e Staxxx, companheiras de equipe e amantes, são as favoritas do público. Prestes a atingir a categoria “Grã-Colossal” — mais alto grau na escala de lutadores —, Thurwar estará livre em apenas algumas lutas, fato que carrega de forma tão pesada quanto seu martelo letal. Enquanto se prepara para deixar o cárcere, tenta preservar sua humanidade desafiando as regras dos jogos, mesmo que os obstáculos no caminho de Thurwar tenham consequências devastadoras.
Em Os Superstars da Cadeia, Brenyah nos nocauteia com uma visão caleidoscópica e incisiva sobre a aliança profana do sistema prisional norte-americano com o racismo sistêmico, o capitalismo desenfreado e o encarceramento em massa. É um claro acerto de contas com o que a liberdade realmente significa naquele país.