Os deuses estão em todas as partes. Ora se mostram, ora se escondem. São mais secretos e silenciosos do que excêntricos, explícitos e espetaculosos. São discretos, disfarçam-se, escondem-se e camuflam-se nos objetos, nas coisas, nos espaços e nas pessoas. São andróginos, masculinos e femininos, e o título para esta novela poderia ser também: “As deusas nas coisas”. Isso devido ao fato de que são forças antigas e maternas, quase sempre amigas, companheiras, solidárias, presentes; estão mais próximas de nós do que pensamos. Inspiram, solicitam a atenção, mediante seus desejos, seduções e potências. São muitas vezes amorosas, gentis, leves e pacíficas, mas também, noutras vezes, caóticas, absurdas, complicadas e complexas. Estes pequenos deuses ou deusas podem ser encontradas nos objetos mais inesperados, como um cinzeiro, um manuscrito, ou até nos seres abjetos, como aves de rapina, ratos de esgoto, ladrões de ossos e de livros. O insólito, o inquietante e o inusitado são o cerne desta novela, vivida e escrita em Paris e Roma no primeiro semestre de 2015.