Inspirada na história da família, vencedora do prêmio Goncourt aborda em novo romance temas como colonização, racismo, diversidade religiosa e as dificuldades enfrentadas por mulheres
Durante a Segunda Guerra Mundial, Mathilde, uma jovem alsaciana espirituosa, se apaixona por Amine, um belo soldado marroquino do exército francês. Após a guerra, o casal se instala no Marrocos, em Meknés, uma cidade militari¬zada e com forte presença de colonos franceses. Enquanto Amine se dedica à lavoura e tenta trabalhar as terras rochosas e ingratas herdadas do pai, Mathilde rapidamente se sente sufocada pelo clima e pela cultura do novo país, tão dife¬rente da sua.
Sozinha e isolada na fazenda com os dois filhos que o casal vem a ter, ela sofre com a des¬confiança que inspira como estrangeira e com a falta de dinheiro. A vida difícil, marcada por tensões sociais e religiosas e pouco lazer, torna os dias penosos, mesmo no seio familiar. Até que, diante da incerteza sobre os resultados do trabalho árduo do marido e cansada de se sentir oprimida, Mathilde tenta encontrar meios de se envolver na nova comunidade.
O país dos outros cobre dez anos dessa histó¬ria turbulenta e sensível, um período que coin¬cide com a ascensão inevitável dos conflitos e da violência que levaram, em 1956, à indepen¬dência do Marrocos. Ambientado nesse cená¬rio fervilhante, os personagens deste romance constantemente se debatem com o fato de to¬dos se encontrarem “no país dos outros”: fran¬ceses, marroquinos, soldados, camponeses e exilados. Sobretudo as mulheres, que vivem na terra dos homens e precisam lutar pela própria emancipação.