A irmã mais velha de Laura Chase, Iris, casou-se aos dezoito anos com um industrial politicamente influente. Agora, aos oitenta e dois anos de idade, morando em Port Ticonderoga, uma cidade dominada por sua outrora próspera família, tem de enfrentar problemas de pobreza e saúde. Enquanto aprende a lidar com um corpo não confiável, Iris reflete sobre sua vida, pouco exemplar e, em especial, sobre os eventos relacionados à morte trágica da irmã. Dentre eles, o mais importante foi a publicação de O assassino cego, um romance que garantiu a Laura Chase não apenas a fama, mas um devotado culto. Um culto cujos reflexos atingem a própria Iris, que admite viver na “longa sombra projetada por Laura”. Sexualmente explícito para o seu tempo, O assassino cego descreve um arriscado amor entre uma jovem rica e um fugitivo, nos turbulentos anos 1930. Durante seus encontros secretos em quartos de aluguel, os amantes criam uma trama folhetinesca ambientada no planeta Zicron. Enquanto o leitor acompanha a narrativa inventada por um verdadeiro labirinto de sacrifícios e traições, a história real se desenrola. Ambas parecem perigosamente próximas e projetam-se na direção da guerra e da catástrofe. Simultaneamente dramático, sedutor e engraçado, o livro O assassino cego, publicado pela editora Rocco, é um romance marcado pelo microscópico poder de observação de Atwood. A um tempo natural e sofisticadamente elaborada, a prosa de Atwood é capaz de transformar detalhes em impressionantes metáforas, repletas de humor vigoroso, requintado e excêntrico. É a autora Margaret Atwood em sua melhor forma.