Inédito no Brasil, romance de escritor decadentista francês aborda um assunto que desafiava a racionalidade científica e vinha despertando interesse entre alguns setores da sociedade francesa no final do século XIX: o satanismo
J.-K. Huysmans (1848-1907) é considerado o escritor máximo do Decadentismo francês, movimento de reação ao Naturalismo e à sociedade tecnológica de massas que se anunciava no final do século XIX. No romance Nas profundezas (1891), traduzido pela primeira vez no Brasil, o escritor voltou-se para um assunto que desafiava a racionalidade científica e despertava interesse entre alguns setores da sociedade francesa: o satanismo. “Que época estranha!”, observa um dos personagens. “Justamente no momento em que o positivismo atinge seu auge, o misticismo desperta e têm início as loucuras do oculto!”
O escritor Durtal, alter ego do próprio Huysmans, encontra-se em meio a pesquisas para uma biografia do satanista medieval Gilles de Rais, acusado de estuprar e degolar centenas de crianças. Em um dos capítulos dessa história que se passa em Paris, o autor descreve uma missa satânica, feita, segundo ele, de acordo com uma experiência verídica. Foi um dos motivos da notoriedade do livro, que causou escândalo e chegou a ter a venda proibida na França.