Este livro é dedicado a todas as mulheres que se sentem gordas, independente do peso que tenham. É, na verdade, um convite para lanchar. São bem-vindas as que se acham imensas e as que apenas saíram um pouquinho do seu peso ideal, assim como são bem-vindos os doces, os salgadinhos, os refrigerantes, a irreverência e a descontração. Vamos fazer uma trégua nas dietas, nas recomendações médicas, na vergonha, no sentimento de humilhação diante da saia que não fecha ou da blusa que não abotoa. Sem restrições nem preconceitos, longe dos olhares persecutórios dos magros, vamos nos divertir, rir juntas das dobrinhas de gordura que ficam encostadas na alça do soutien e da força que fazemos para escondê-las atrás do decote. Vamos nos livrar daquele maldito cós de calça jeans sempre menor que os centímetros da nossa cintura, e vamos rir juntas daquela hora em que, por debaixo da mesa, livramos nossos pezinhos do sapato apertado, enquanto a festa rola solta por cima da toalha da mesa. E, mais que tudo, vamos nos absolver por não termos ainda conseguido perder nenhum dos quilos que gostaríamos de ter perdido. É apenas uma trégua, um abraço de gorda, carinhos e farto como os abraços que só as gordas são capazes de dar. Eu gosto de gorda porque … Elas acreditam, pintam a boca e ajustam a saia Mesmo quando a maioria das mulheres Não conseguiria mais acreditar. Gosto de ver gorda ajeitando a minissaia na frente do espelho, Exibindo o colo no decote farto do vestido de lamê Pendurando brincos colares e pulseiras Se fazendo brejeira, e se fazendo mulher Mesmo quando os homens negam até mesmo simpáticos olhares E, principalmente, quando nem ela mesma quer mais se olhar. Gosto de ver gorda comendo chocolate, Se lambuzando de empada, de sorvete e de dietas Misturando não conseguir com continuar tentando E gosto principalmente de saber que, às vezes, Apenas um gesto, ou até quem sabe, um olhar Podem fazer uma gorda dormir mais cedo E até mesmo fazê-la dormir sem jantar.