Fronteiras do pensamento, organizado por Gunter Axt e Fernando Luís Schüller, apresenta ideias de intelectuais e artistas brasileiros e estrangeiros sobre a herança do Maio de 1968. A interdisciplinaridade é a tônica dos escritos inspirados nas palestras do seminário que dá título ao livro, ocorrido em 2008, em Porto Alegre. As reflexões apresentadas nos textos foram baseadas no balanço feito por Edgar Morin sobre este episódio que suscitou profundas transformações na sociedade ocidental. O pensador francês assina o artigo “O mundo que vi e vivi”, que apresenta diagnóstico preocupante sobre a sociedade global. Morin aponta para um esgotamento do atual modelo de sociedade, mas aposta no potencial criativo dos Homens para a reversão deste quadro. “Morin não tem dúvidas de que o atual modelo de desenvolvimento e de sociedade é insustentável. Que a Humanidade chegou, enfim, a um impasse sem precedentes e de escala planetária. (...) Mas não é de todo pessimista. Invoca a metáfora da metamorfose, confiando na capacidade de reinvenção e de autorrecriação de um sistema em crise”, analisa Günter Axt.A partir destas conclusões, nomes como Sylvère Lotringer, Jurandir Freire Costa, Tariq Modood, Afonso Romano de Sant’Anna, Philip Glass, Gerald Thomas, José Padilha, David Lynch entre outros nomes utilizam suas experiências artísticas e intelectuais para analisar tendências sociais e mostrar possíveis caminhos para a Humanidade. O resultado é um rico mosaico em que a arte é vista como força motriz necessária para uma grande mudança de pensamentos e práticas.Otimismo e pessimismo permeiam as reflexões sobre o mundo em que vivemos. Globalização, choque de identidades, multiculturalismo, a ingerência do mercado sobre a criação artística são alguns dos elementos e temas que pontuam os textos. Ações que num primeiro momento são entendidas como irrelevantes, podem explicitar um grande potencial de alteração da realidade. Alguns autores como o arquiteto Daniel Libeskind, especialista na criação de museus, pensam assim. Ele destaca que ações como a construção de um prédio em uma cidade podem se transformar uma cidade.As ideias apresentadas em Fronteiras do Pensamento são inovadoras e mostram a força da prática e da experiência artística na vida das pessoas e os diversos rumos a serem seguidos para que a reinvenção de uma sociedade em colapso.