Última obra editada em vida, em 1982, aos 87 anos de Dyonelio Machado, Fada é uma história de amor entre jovens que buscam romper com os ditames patriarcais do padrasto de Mafalda, apelidada Fada, e o casamento arranjado que ele planejava. Ambientado na campanha gaúcha, e por vezes no ambiente universitário, Fada dialoga com o universo fantástico próprio do imaginário local, desmistificando-o a partir de uma análise racional. Uma característica da narrativa é seu caráter metaficional, seja para pensar o ofício literário e a criação artística, seja para sublimar as dificuldades que o próprio Dyonelio sentiu num período de ostracismo que viveu. Neste sentido, estão inseridos personagens escritores, o alter ego Dionísios Madureira e o enamorado D'Artagnan, autor de uma narrativa fantástica que figura nas páginas de Fada e traz para o pampa a figura de Parsifal, sem deixar de lado o panteão feminino medieval. “A época era da Magia. Pouco faltava para a revivescência da Idade Média. As condições se assemelhavam em muitos aspectos: miséria, insalubridade, condensação do poder nas mãos duma oligarquia. Apelava-se para o fantástico, como recurso extremo da salvação”. A presente edição, organizada por Camilo Mattar Raabe, conta com apresentação de Antônio Hohlfeldt, posfácio de Altair Martins, depoimento de Marco Túlio de Rose, a quem há uma referência na obra, e notas de José Francisco Botelho sobre mitologia; também apresenta originais relacionados ao processo criativo e o início de um romance inédito idealizado por Dyonelio como continuação da obra.