Em Eles vão dizer que isso não é poesia, Annabel Laurino coloca todo o gênero poético num espelho. Com isso, não só o texto produzido pela poeta, mas a própria artista reflete sua existência. A união de trajetória, referências e questionamentos presente ao longo de toda a obra leva o leitor a penetrar num universo de introspecção, um lugar pessoal de onde o eu lírico, perene no decorrer do livro, parte para pensar quem é, onde está, e nos seus porquês. Nessa caminhada dentro de si, a poeta se transforma. Ela nasce, cresce, amadurece. As percepções e as preocupações se transformam, a poeta é humana. Como humana também morre, e tem a capacidade de renascer. Agora deusa, fada. Mitologia, poesia e questionamentos se tornam uma única ideia que remete ao leitor o mundo antigo. Num vórtice onde se encontram criadora e criatura, a obra e a escritora, o universo e aquela que nele habita, o antigo e o novo, Annabel usa desses elementos dialógicos e outros mais para que o leitor entenda a poesia e também o seu próprio self com maior completude. Essa é uma obra de poesia, mas também sobre poesia. É metapoético e além disso. Torna o processo artístico uma jornada mística de autoconhecimento em que o artista dá a vida pela sua arte, e como consequência, a obra dá vida ao criador.