Na aldeia de Lai, Gbessa é amaldiçoada ao nascer e exilada de seu povo, pela suspeita de que seja uma bruxa. Mordida por uma cobra e deixada para morrer, ela sobrevive. Nascido como escravizado em uma plantação na Virgínia, June Dey esconde sua força incomum, até que um confronto o obriga a fugir. E, nas montanhas azuis da Jamaica, Norman Aragon, filho de um colonizador britânico branco e de uma escravizada Maroon, herdou o dom da mãe e consegue ficar invisível. Três vidas diferentes, mas com habilidades — ou maldições — em comum.
Estreia literária de Wayétu Moore, Ela Seria o Rei aborda a fundação da Libéria — um dos únicos países africanos não colonizados pelos europeus — a partir de uma mistura verdadeiramente fantástica de história e realismo mágico. O país foi fundado e colonizado no século XIX por escravizados americanos libertos, com o auxílio de uma organização privada, que acreditava que pessoas negras teriam mais chances de prosperar na África do que nos Estados Unidos.
Gbessa, incompreendida por seu próprio povo, encontra uma nova vida na colônia de Monróvia. Quando conhece June Dey e Norman Aragon, não demora muito para que eles percebam que são todos amaldiçoados. Juntos, eles protegem os fracos e vulneráveis, amenizando as tensões entre os colonos e as comunidades indígenas à medida que uma nova nação se forma.
Quando Wayétu Moore tinha 5 anos de idade, sua família deixou a Monróvia para escapar da Primeira Guerra Civil da Libéria. Para proteger as crianças dos horrores do conflito, a avó e o pai de Moore criaram uma narrativa em que os tiros eram lutas de dragões, e os cadáveres, pessoas que dormiam na rua. Após alguns desencontros, a família se mudou para os Estados Unidos, onde Moore começou a escrever para digerir e superar o trauma.
Ela Seria o Rei é um livro de muitas camadas, abordando com maestria temas como exploração de poder, feminismo negro, rebelião contra o colonialismo e a escravidão, resiliência negra e maternidade. O resultado é um romance de estreia comovente, com uma trama mágica e politizada, personagens profundos, espíritos e vozes da natureza, viajantes audaciosos e acontecimentos peculiares — elementos entrelaçados com perfeição em uma narrativa única.
Acima de tudo, uma ficção histórica sobre pertencimento, seja de um país recém-nascido, que acabou de fincar suas raízes e busca uma identidade própria, seja de seus personagens, que procura seu lugar no mundo e dentro deles mesmos.
Com o lançamento de Ela Seria o Rei, acolhemos Moore em DarkLove e comemoramos os 10 anos da marca que celebra a autoria feminina, apresentando novos talentos literários e convidando os darksiders a um passeio fascinante e enriquecedor por culturas diversas como as apresentadas nas obras de Yangsze Choo, Evie Wyld e Veera Hiranandani.