Na primavera de 1934, em uma Rússia submissa ao terror stalinista e mergulhada na fome em massa causada pelas políticas de coletivização agrícola, quando a menor crítica ao ditador podia levar à prisão, tortura ou morte, a oposição declarada do grande poeta Óssip Mandelstam ao regime chega a um clímax. Arriscando a liberdade de sua arte, e da própria vida, Mandelstam compõe um ríspido epigrama — composição poética de 16 linhas — contra o ditador, na qual compara o todo-poderoso Joseph Stálin a um assassino implacável. Recitado secretamente a um grupo de amigos artistas, o poema circula clandestinamente até Stálin saber de sua existência, o que se torna, para muitos de seus contemporâneos, uma “sentença de morte”. Seis meses depois, o poeta era preso, morrendo em 1939. Comparado a John Le Carré pelo jornal britânico The Guardian por seus aclamados romances de espionagem situados na Guerra Fria, o escritor Robert Littell escreveu um romance comovente e corajoso, em que constrói um retrato fictício de um dos maiores poetas russos do século XX, acuado pelo governo de Stálin, e sua luta pela sobrevivência. Baseado em extensa pesquisa, Littell recria com inspiração e sensibilidade o cenário da vida artística, política e proletária da Rússia stalinista. Ao longo de sete anos, Littell revirou arquivos, enfrentou a poeira das fontes primárias, e entrevistou personagens-chave, como a viúva do poeta, Nadejda Mandelstam. Alternando as vozes de personagens fictícios e reais, como o próprio Mandelstam, sua dedicada esposa e os amigos poetas Boris Pasternak e Anna Akhmatova, DE MANDESLTAM PARA STÁLIN conta a jornada dolorosa do poeta pela prisão, tortura e exílio, por ter se atrevido a expor a sua verdade. “O autor conhece como poucos a cultura russa e soviética e se decide por uma narrativa forte, em caixa alta, com elementos épicos, de fundo ritmado, quase musical”, descreve o também poeta e ensaísta Marco Lucchesi na orelha do livro. Através da história do estranho fascínio entre o poeta e o ditador, este romance, considerado pelo Washington Post “uma obra brilhante, às vezes engraçada e em outras, dolorosa”, homenageia o incrível ato de rebeldia de Mandelstam e explora a complexidade de seu engajamento.