O Imperador D. Pedro II é um personagem emblemático da nossa história. Reinou por quase meio século, entre 1840 e 1889. A longevidade de seu reinado, por si só, é motivo de curiosidade em um país que tem como marca, principalmente no período republicano, rupturas institucionais e governamentais. Diante deste cenário, este personagem da história brasileira foi revisitado em diversos momentos, desde a sua deposição. Diversas obras biográficas foram publicadas sobre o monarca no último século. Este livro analisou como quatro biografias construíram representações sobre o personagem. Foram selecionadas as obras escritas por Benjamin Mossé-barão do Rio Branco (1889), Gilberto Freyre (1925), Pedro Calmon (1975) e Heitor Lyra (1977). O objetivo da pesquisa foi identificar como os biógrafos criaram e compuseram o personagem, na relação entre documentação, passado do personagem e escrita da obra. A hipótese, seguida por esta obra, é que o biógrafo, para acessar o passado do personagem e explicá-lo, realiza uma mediação por meio da narrativa, utilizando como elemento aglutinador-construtor a ficção. A partir dos conceitos de composição da intriga e temporalidade narrativa do filósofo francês Paul Ricoeur, e das categorias definidas por Raoul Girardet sobre a mitologia política, mais especificamente os conceitos sobre o Salvador e Idade de Ouro, foi possível identificar que, a partir das formas prefiguradas, das quais partiram os biógrafos para comporem o seu personagem, suas obras colaboraram na construção de um D. Pedro II como mártir da história nacional.