Xico Sá descobriu a tragédia sentimental na adolescência, com as cartas dos ouvintes de Temas de amor, da Rádio Vale do Cariri (Juazeiro), no qual auxiliava o locutor Gevan Siqueira a amansar as dores do mundo. A capa de consultor sentimental coube com o uma luva neste jornalista-conversador-cascateiro, ainda hoje conselheiro habitual de mais de cem mulheres, amigas e passantes.Em CHABADABADÁ, com o sugestivo subtítulo Aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha, Xico analisa relacionamentos amorosos, o papel do macho moderno, as queixas femininas. Mas vai logo avisando: “Sim, a perdição do macho é real, mas não sou eu que vou procurá-lo, como digo no relato de abertura do livro”. Último dos boêmios, é justamente da boêmia, fonte onde bebe sem temer ressaca, que tira todas as narrativas, chistes, trocadilhos, máximas e frases de efeito.Os auto-enganos do mulherio, os desesperos dos marmanjos — toda uma sorte de vigarices semânticas, sinceridades do peito, dores de amor à Waldick Soriano, confissões de mal-amadas, boleros, truques de falsos don Juans e outros subgêneros estão nas crônicas de CHABADABADÁ, na sua maior parte, inéditas. A estas, Xico juntou um varejo de textos editados anteriormente nas revistas da Folha, Bravo!, TPM, Vogue, Continente e nos jornais Diário de Pernambuco, Diário do Nordeste e O Tempo. Xico cria uma nomenclatura própria: o macho-tupperware, sujeito que se guarda para comer na manhã; E desfila pérolas da mais pura sabedoria: A vida é boxe. Um bonitão tenta ganhar uma mulher por nocaute, a luta dos feios é sempre por pontos, minando a resistência das donzelas. Com muito humor, trata de temas espinhosos em textos que ele mesmo define como mais para o brega que para a bossa nova: “Só a lama ou o auto-escracho nos curam em determinados momentos trágicos, como na infelicidade de uma traição, de um chifre, de uma bola nas costas”, argumenta.