Recém-divorciada e sem emprego, Claire decide aceitar o convite do amigo de infância para trabalhar na redação do pequeno jornal de Salina, cidade natal que não visitava há muitos anos. Ainda na estrada, contudo, uma notícia no rádio a pega de surpresa: um rapaz de apenas 17 anos é encontrado morto em Salina, e uma informação sobre seu estado traz à tona lembranças do assassinato do irmão de Claire. Ocorrido há mais de uma década, o caso não solucionado marcou a população local para sempre. O locutor da rádio tossiu algumas vezes. Começou a desculpar-se pela pausa na programação, como que buscando um tom adequado de voz para prosseguir. A coisa toda soava tão esquisita, que Claire tentava adivinhar se ele se preparava para remediar o descuido ou anunciar o fim do mundo. Enfim, com uma formalidade afetada, ele começou: “AKSKO 100,8 FM, sua rádio de confiança, lamenta a morte do jovem James Christensen, que, com apenas 17 anos, foi vítima de um brutal assassinato, como há mais de dez anos não se via em Salina. Seu corpo foi encontrado na manhã de hoje, abandonado na encosta do morro vermelho, ao lado do cemitério municipal. Uma testemunha anônima, que verificou a cena antes de a polícia chegar, revelou que o cadáver estava com o dedão de um dos pés decepado, que foi deixado no chão mais à frente. Sobre o corpo havia um salmo rasgado da Bíblia, que dizia: Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras (Salmos 137:9).” O locutor ficou em silêncio por alguns segundos, então retomou: “Mais uma vez nossa cidade comprova aquilo que dizem: nos lugares mais pacatos acontecem as coisas mais absurdas...” Pathy dos Reis e Maria Carolina Passos nasceram em Itajaí, Santa Catarina, e se conhecem desde os tempos da escola. Maria Carolina sempre gostou de escrever e era ótima aluna; Pathy sempre gostou de ler, mas não era uma aluna nota 10. Fizeram parte da equipe do Galo Frito, trabalharam juntas no programa Pathy que te pariu (PQTP) e combinaram suas forças para criar este livro, o primeiro que publicam. Maria Carolina ainda mora em Itajaí e Pathy, em São Paulo.