Um romance sobre mulheres, música e magia: nestas páginas anuncia-se o renascimento da África, continente afetado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.
Em As mulheres do meu pai, sétimo romance do escritor angolano José Eduardo Agualusa e fruto de uma viagem feita por ele pela África, os limites entre ficção e realidade se misturam, se fundem e confundem.
A cineasta portuguesa Laurentina, protagonista neste romance e personagem do sonho do próprio autor que o escreve, descobre ser filha biológica do famoso compositor angolano Faustino Manso. Descobre, além disso, que esse pai acabara de falecer, aos 81 anos.
Decidida a reconstruir a trajetória do pai recém-descoberto, Laurentina viaja ao continente africano. Vai de Luanda às areias do deserto da Namíbia, da Cidade do Cabo, na África do Sul, a Maputo e à ilha de Moçambique. Em todos esses lugares, cruza o caminho de personagens algo oníricos, na fronteira entre o mágico e o estranho, em busca de fragmentos da vida do pai e das mulheres de sua vida -– e, com isso, da própria história e de sua ancestralidade.
“Não estamos nós, sempre, buscando um pai e um passado que, quando e se encontrado, se revela completamente diferente daquele que buscávamos? Mas o que mais importa nessa busca não são os segredos e as descobertas, e sim o próprio ato de buscar. Seguindo uma pergunta colocada no início do livro: ‘De quantas mentiras se faz uma verdade?’, descobre-se que a verdade, quando revelada, pode ser muito mais desinteressante do que as mentiras que se criam sobre ela e, como diz o romance, ‘nada é tão verdadeiro que não mereça ser inventado’.” – Noemi Jaffe, em colaboração para a Folha de São Paulo