Sherman McCoy, o protagonista do primeiro romance de Tom Wolfe, é um operador da Bolsa de Valores, dono de um apartamento de catorze cômodos, em Manhattan.
Quando ele se envolve num canhestro acidente no Bronx, promotores, políticos, a imprensa, a polícia, os financistas e vigaristas dos mais diversos graus atiram-se a ele, ávidos por participar de um banquete, típico da comédia humana em que Nova York se transformou nesses últimos anos do século 20 - uma cidade que fervilha com hostilidades étnicas e raciais e se abrasa na fogueira do Ganhe Agora o Seu.
Para desenrolar aos olhos do leitor um cenário febril, Tom Wolfe cria uma galeria de personagens de Wall Street, onde jovens de 30 anos sentem-se inferiorizados se não atingiram a marca do milhão de dólares anual, às ruas onde os objetivos são menos ambiciosos, mas a ânsia é igualmente virulenta; passando, é claro, pelos modismos e opções de lazer dos socialites.
Todo esse caos urbano é presenciado e partilhado pela mulher e pela amante de McCoy; por um jovem promotor para quem o caso McCoy é a abençoada resposta às suas preces; por um desleixado jornalista inglês para quem esse caso é a salvação de sua carreira nos EUA; um advogado, de origem irlandesa, que tem a esperteza dos filhos da rua, e que acaba se transformando no único aliado de McCoy; e last but not least, o reverendo Bacon, do Harlem, um mestre manipulador da opinião pública. No livro é revelado, acima de tudo, o que acontece quando o sistema de justiça criminal - entupido até a boca com o "rango", que é como o promotor do Bronx chama a ração habitual de criminosos pretos e latinos - se vê diante de uma carne de primeira como Sherman McCoy, da Park Avenue. A fogueira das vaidades é um romance. Mas sustentado pelo mesmo tipo de reportagem detalhista que fez dos melhores livros de não-ficção de Tom Wolfe, como The Right Stuff ou Radical Chic & Mau-Mauing the Flak Catchers, best-sellers inquestionáveis.