A escola das facas, livro que abre o volume, é considerado um marco em sua poesia. Publicado em 1980, enquanto o autor ocupava o posto de embaixador no Equador, apresenta 44 poemas que falam de Pernambuco, com suas paisagens de coqueiros e canaviais, seus engenhos, seus personagens políticos e figuras históricas. São poesias que retomam os temas consagrados de Cabral - o rio, o sertão, o povo e o canavial. No entanto, o poeta, ao recontar antigas memórias de criança, pela primeira vez se coloca como personagem. Em Autobiografia de um só dia, por exemplo, ele imagina seu nascimento; em "Prosas da maré na Jaqueira", versa sobre o Capibaribe da infância; em "Descoberta da literatura", fala de seu contato com a literatura de cordel, ainda menino, quando lia as histórias em voz alta aos empregados do engenho. Em Auto do frade, publicado quatro anos mais tarde, Cabral narra o momento em que Frei Caneca, ou frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, figura proeminente da Revolução Constitucionalista de Pernambuco, de 1824, é levado à execução. "Que ninguém se aproxime dele./ Ele é um réu condenado à morte./ Foi contra Sua Majestade,/ contra a ordem, tudo que é nobre."