Sinopse: Em A cor da demanda, Éle Semog lança seu olhar afiado como lâmina em brasa sobre as realidades que ora nos afligem, ora nos enternecem. Seus poemas traduzem com uma sinceridade emocionante, e sem concessões, as conexões que o poeta traça com “os urbanos”, “com as mulheres”, “com o romance”, “com as crianças”, “com o machismo” e com o “racismo” – esta chaga que constitui e conduz as nossas sociabilidades. A cor da demanda é poesia pura, organismo vivo, boêmia e labor e, também, história reexistida – como bem idealizaram os escritores que, com Semog, no final da década de 1970 pensaram e escreveram o que se entende por literatura negro-brasileira. Nesta reexistência, a demanda é pelo estado de alerta para o que das negritudes vem sendo sequestrado, como dito no poema Na boca do povo, “Dizem de mim infernos. Só não falam de mim, o céu que me querem tomar.” O olhar do poeta, nesta coletânea, é quase sempre voo rasante sobre as superfícies da vida, quase as toca, segue livre; em alguns momentos mira a África, estrela iluminada na consciência afro-brasileira, “Como é bom poetar desde lá d’África. Não há griot que esqueça! Não há sorte que arrefeça!”. Dos múltiplos pontos de observação transformados em poesia, Semog mantem-se firme em impregnar o livro da sua existência de lutas, lutos e vitórias.