Em seus estados febris, a Cigana Dara revia sua vida. Imagens embaçadas mostravam uma gadjé ruiva, de olhos azuis, quando era bebê recém-nascida, sendo tirada do seio da mãe em sua primeira mamada... e sua mãe chorando, sendo levada... Era um ataque dos não ciganos ao acampamento onde vivia com seu pai e os irmãos ciganos... Seu pai, o cigano Ígor, um kaku, líder da tribo, amado e respeitado por todos, fora assassinado. Aos 14 anos, conheceu Dario, seu grande amor, um rapaz da alta sociedade, que apesar de amá-la, afastou-se dela por submissão a seu pai e pelo preconceito por namorar uma cigana. Dara morou em diversos acampamentos, sem se apegar a nada e a ninguém. Curava com plantas medicinais e lia cartas com muita sabedoria. No acampamento de Ramon e Helena, conheceu Miguelito, 'o charmoso cigano espanhol', rico, conquistador, exímio dançarino de flamenco, que se apaixona por ela à primeira vista. Esta obra mostra vida sofrida dos ciganos, o prejuízo que o preconceito pode trazer, a possibilidade de se manter íntegro e forte, até nos momentos de perdas dolorosas, como acontece com Dara. A força do feminino, da intuição e da magia estava presente nessa cigana, uma sensitiva e uma mulher sensual, que busca suas origens e respostas, enfrentando a crueldade dos preconceitos.