Segundo romance do matemático Celso Costa, este livro vencedor do prêmio Leya 2022 faz jus à máxima atribuída a Liev Tolstói: “canta a tua aldeia e cantarás o mundo”. Ao narrar a história de um garoto no interior rural do Paraná nos anos 1960, Costa borra as fronteiras entre autobiografia e crônica para dar origem a um grande romance de formação, que é também uma história do Brasil.
Nele, nos deparamos com a luta cotidiana de uma família para driblar o futuro pré-determinado pela pobreza. Enquanto o pai, perdulário, se esforça para dar à família um pouco de dignidade, a mãe investe na educação do filho como força motriz para escapar do destino.
Entrelaçando histórias autobiográficas com “causos” do interior do país, Costa retrata um Brasil violento e patriarcal, no qual o trabalho infantil é uma realidade incontornável e o “mérito é a arte do impossível”, nas palavras de Paulliny Tort, que assina a orelha do livro. Mas o romance de Costa não se limita a retratar um drama nacional já conhecido. Ainda segundo Tort, “feito de um mosaico de memórias, [A arte de driblar destinos] tem um quê de álbum de fotografias, de conversa ao pé do fogo, capaz de envolver até o leitor mais desatento e causar uma impressão permanente”.
Ao descrever as touradas de sua infância e outros costumes de sua terra, o escritor paranaense expande a tradição popular e recorda-nos que não é apenas possível, mas fundamental, conhecer melhor o Brasil e suas histórias.