Iohann Moritz é um camponês romeno que, em meio à guerra, vê-se reduzido à sua dimensão social: homens deixaram de ser indivíduos e se tornaram simples membros de categorias.Denunciado como judeu, embora não o fosse, por um gendarme que lhe cobiça a esposa, Moritz cai nas mãos dos nazistas e inicia um périplo pelos mais diversos campos de concentração da Europa. Ao fugir com outros detentos para a Hungria, país “onde a vida é menos dura para os judeus”, acaba detido como espião romeno e é torturado. Deportado para a Alemanha, na condição de “trabalhador húngaro voluntário”, é examinado por um médico nazista que o considera um espécime excepcional da linhagem ariana.Dessa malha inextricável e sombria, sobressaem personagens tocantes, como Suzanna, a primeira esposa de Iohann, Eleonora West, editora e dona do jornal mais importante da Romênia, Alexandru Koruga, padre ortodoxo e pai do escritor Traian Koruga, intelectual e romancista amigo de Iohann Moritz, que também narra a história, numa espécie de livro dentro do livro.Ambientado num cenário irrespirável, A 25ª hora revela-se uma condenação não só do nazismo, como de todo tipo de totalitarismo. Um romance emocionante, com reflexões atuais e necessárias.Virgil Gheorgiu nasceu na Romênia em 1916 e estudou teologia e filosofia.
Quando os soviéticos ocuparam a Romênia em 1944, exilou-se voluntariamente.
Preso pelas tropas americanas no fim da Segunda Guerra, foi viver na França em 1948,
onde, em 1963, ordenou-se sacerdote ortodoxo. Faleceu em 1992. Escrito durante o cativeiro do autor e publicado em 1949, A 25ª hora consiste
numa crítica radical do homem do século XX, que é considerado artífice e vítima do processo de mecanização e robotização da nossa “sociedade técnica ocidental”.