O Ateu não descrê por causa do seu intelecto, mas por causa da sua vontade. Não é o conhecimento que o torna ateu, mas a perversidade. A negação de Deus brota do desejo do homem de que Ele não exista, ou seja: a) da sua vontade de que não haja Justiça por trás do Universo, de modo que suas injustiças não receiem retribuição; b) do desejo do homem de que não haja Lei, de modo que não possa ser julgado por ela; c) do seu querer que não haja Bondade Absoluta, para que ele possa continuar pecando impunemente. É por isso que o ateu se mostra sempre encolerizado quando ouve dizer alguma coisa a respeito de Deus e da religiosidade; ele seria incapaz de tal ressentimento, se Deus fosse apenas um mito. Seu sentimento para com Deus é o mesmo que um homem mau tem para com alguém a quem ele causou mal: desejaria que este estivesse morto, de modo que nada pudesse fazer para vingar o mal-recebido. O que atraiçoa a amizade sabe que seu amigo existe, mas deseja que ele não exista. O ateu sabe que Deus existe, mas deseja que Ele não exista. Venerável Fulton Sheen (Angústia e paz)