Em sua “constelação de inquietudes” poéticas, Vicente Humberto, no exercício da sua voz, navega em vários ritmos e cantares, que vão da temática amorosa ao cheiro da terra-mãe. Este seu Caixa de vazios nos traz a configuração de uma linhagem que dial oga, por vezes, com Mário Quintana e com um certo Bandeira. O pertencimento de um jeito de fazer que busca a simplicidade sem cair no lugar-comum. O leitor que adentrar essa selva de palavras e emoções, sentir-se-á acolhido na musicalidade desse vers ejar, como se “os dias adiassem de anoitecer”. (Salgado Maranhão ́) Prefácio Carla Dias Quem nunca dialogou consigo mesmo, ao tentar se fazer companhia, por favor, apresente-se. O vazio é um rebelde. Faz a pessoa mergulhar em uma variedade de barulhos deslocadores de certezas – eficientes correntes para aprisionamento de atrevimentos necessários –, ao estender a duração dos questionamentos. Às vezes, é silencioso, mas acontece de fazer gritos escaparem de algumas bocas que se gabavam, at é então, de se manter fechadas. Em Caixa de vazios, Vicente Humberto se mostra um talentoso preenchedor das faltas e quereres gerados por um vazio fomentador de esperas e observações. Dividido em três partes, o livro conduz o leitor por camadas da p ercepção de começos e fins. Em “Uma árvore quase pronta”, ao tentar se desfazer de lacunas, populariza a beleza de trafegar pela rotina com sentidos atinados para o “pode ser”: “Tragou um longo gole / Como se fosse sorver / Uma vida inteira / Abri u as janelas” (“Apartamento”). Em algumas de suas pinturas literárias – gosto de pensar que o poeta empresta seu olhar ao leitor com o benefício da liberdade de absorção –, o quadro parece apenas oferecer singeleza: “Os pingos distraídos / De molhado s / Escorriam pela janela / De vidro” (“Estrada real”). Nas suas pinceladas poéticas, o autor se mostra talentoso observador de rotina, arrancando dela a beleza necessária para o próximo arfar do se apaixonar por gatos e secar lágrimas no varal. E vai além na audácia conquistada por eloquentes propagadores de poesia, escancarando a beleza de certas verdades: “A vida / Entristece / Sem pressa” (“Teoria”). Esta obra é um tecer de reveses ao tom nevrálgico da delicadeza. Em “Fazenda Harmoni a”, as dores se dilatam em nome de acontecimentos provocados por escolhas e dos gestados pela privação delas: “Ora por um / Ora por outro / Ora por mim / Ora por nós / Aos poucos / Sou um / Ou outro / Outras vezes / Nenhum” (“Nenhum”). E se estende à
ISBN-10: 9786587622231 ISBN-13: 9786587622231 Páginas: 152 idioma: Português Edição: 1 Encadernação: BROCHURA Autor: Humberto Vicente Garantia: 3 Altura: 0.10 Comprimento: 21.00 Largura: 14.00