O projeto da Modernidade se esgotou. Seu “homem novo” deu lugar ao “homem global”. O tempo se acelera. Tudo quer ser nstantâneo sem haver lugar para o instante. A sede insaciável de informações substituiu o lema moderno “sapere aude/ousa saber”. As c omunidades vir tuais são as novas versões das antigas aldeias étnico-culturais. O meio não é a mensagem, são os mensageiros que são a mensagem. Todos querem falar. Quem se dispõe a escutar? A ar te cumpre seu destino técnico. Mas pode haver ar te sem o poético? Este é o mítico, o criativo do nada. Hoje muitas obras de ar te se tornaram um problema de criação técnicodigital. Basta ter um sofisticado programa digital e um computador potente. Pode haver ar te sem sentido do humano? Constata-se qu e há dois Ocidentes: o da sucessão de humanismos e o das poéticas do mítico. Não foi este que educou o Ocidente?Ooutro depende da razão técnica. Originou os sistemas e preparou a eclosão da globalização. Esta é o refinado sistema que a tudo e a todos procura uniformizar, porque tudo é reduzido ao cálculo. Só os programas mudam. Os seres humanos, todos, são cooptados a se adaptarem às suas programações e às novas versões cada vez mais dinâmicas e funcionais. Globalização é consumo e funcionalid ade. Nesta, só há respostas, pois o computador já sabe as perguntas. Se os mais diferentes aparelhos digitais ofer tam conceitos para todos os gostos, uma coisa eles jamais poderão nos dar: questões. Estas são prévias a todos os sistemas. São o própr io humano e seu destino: possibilidades de e para possibilidades.Cada um será a sua resposta realizando-as. Eis a tarefa humano-poética de todos, mas que só é realizada por quem aceita o desafio de ser, aprendendo a pensar.